-Então é quem?-Perguntei eu caminhando até à sala. Na sala estava sentado quem eu menos esperava. Esperava um telefonema ou até uma carta, não ele estar aqui.-Ezequiel?
-Sim sou eu. Já percebi que não gostaste.
-Não é isso. Só não estava à espera.
-Será que podemos falar?
-Claro! Vamos para o meu quarto.-Caminhei pelo corredor e o Ezequiel seguiu-me. Entrá-mos no quarto, fechei a porta e sentei-me na minha cama. O Ezequiel sentou-se ao meu lado.-Então que fazes por aqui?
-Recebi a tua carta ontem e tive de vir, não podia responder por carta ou telefonar.-Aquele assunto que me fazia tremer e ter algumas dificuldades de olhar nos olhos dele.
-Porquê?
-Porque tu dizes que gostas de mim, era só isso que eu precisava de saber. Agora é altura de eu te mostrar o que quero, de te fazer mudar a forma de pensar.
-E o que é que tu queres?
-Não quero que exista apenas um Eu ou um Tu mas sim um Nós!
-Tens mesmo de dizer essas coisas?
-Tu é que perguntaste!
-Mas eu sou uma pessoa indecisa, cheia de medos e inseguranças. Deves ter outras pessoas melhores que eu atrás de ti.
-Mesmo que tivesse, é de ti que eu gosto mesmo com todos os defeitos, não há ninguém melhor.
-Eze!
-Si?
-Porque é que és assim?Porque é que não apareceste tu na minha vida em vez de outras pessoas?
-Porque há coisas que tem alturas para acontecerem. Essas pessoas têm a ver com a tua maneira de pensar sobre os homens?
-Sim.
-Ex-namorado certo?
-Sim. Já passou um ano.
-Queres falar sobre o que aconteceu?
-Sim, esta é a altura certa.
-Conta apenas o que quiseres. Estou aqui a ouvir.-Estava na altura de o Ezequiel perceber certas coisas mas sabia que não ia ser fácil relembrar. Respirei fundo e comecei a contar, não entrando em muitos pormenores.
-À um ano acabei a minha primeira relação amorosa.São poucas as coisas boas que me lembro, apenas os primeiros beijos e os primeiros meses em que tudo parecia perfeito. A partir do quarto ou quarto mês de namoro tudo mudou, começou com a mania de que eu era só dele, a controlar tudo o que eu fazia e com isso veio o primeiro estalo. Em pouco tempo passou a murros, tareias que me deixavam negra, com hematomas e até a sangrar mas eu desculpava sempre tudo, ele parecia arrependido.
-Uma pessoa assim nunca se arrepende. Como é que isso teve um fim?
-Teve um fim no dia em que a tareia foi tão grande que eu não me consegui mexer mais daquele chão e ele fugiu com medo que me tivesse matado.-Recordar tudo aquilo era como estar a passar por tudo de novo, estava a custar muito mas tinha de ser.
-Nem consigo imaginar como é que te sentiste durante esses meses.
-Muito mal mas acreditei sempre até àquele dia que tudo ia voltar a ser perfeito.
-Voltas-te a vê-lo depois desse disso?
-Não, nem quero ver! Tenho medo!-Algumas lágrimas começaram a correr-me pela cara.
-Calma!-Disse ele abraçando-me.-Eu estou aqui e vou estar mais vezes se deixares.-O que ele disse deixou-me a pensar por alguns segundos.-Estás a pensar no que?
-No que disseste?
-Que vou estar estar aqui mais vezes se quiseres?
-Sim.
-Queres?
-Não sei...quer dizer, eu quero mas..
-Tu tens medo que eu te faça o mesmo que o teu ex-namorado fez?
-Não! Mas eu sou complicada e tenho medo que te canses de mim, eu não quero sofrer.-Disse eu levantando-me.
-Isso é impossível! Eu gosto de ti e só te quero fazer feliz, tu podes ser feliz! Não é por algo ter corrido mal no passado que agora também vai correr.-Disse já estando de frente para mim e segurando a minha mão direita. Com a minha mão esquerda segurei a mão dele, abri-a e na palma da mão "desenhei" com o meu indicador um coração.-E agora no que estás a pensar?-Levantei a cabeça e ficamos a olhar-nos nos olhos.
-Estou a pensar...porque não arriscar? Porque não tentar ser feliz?Só sei se resulta se tentar!-Respondi dizendo exactamente os meus pensamentos mas agora desviando o olhar.
-Isso quer dizer o que?
-Quer dizer...-Ainda de mãos dadas, voltei a olhá-lo nos olhos. Aproximei-me um pouco mais dele e ele de mim, inclinando-se ligeiramente. Conseguia sentir a respiração dele, o que me fez arrepiar e fechar os olhos. Ele soltou uma das suas mãos para a colocar na minha cintura, para de seguida me puxar ainda mais para ele e fazendo com que os segundos seguintes me fizessem arrepiar ainda mais com aquele beijo calmo. Tinha sido o nosso segundo beijo mas este muito mais calmo e que transmitia um ao outro o que sentimos.
-Madalena...
-Não! Acho que é a minha vez de falar.
-Eu sou uma pessoa muito confusa,às vezes não sei o que quero mas neste momento uma coisa eu tenho a certeza! Eu gosto muito de ti!
-Eu também!
-Mas...-O Ezequiel começou-se a rir.-O que foi?
-Há sempre um mas.
-Eu disse que era complicada.
-Não és nada! Só achei piada! Mas contínua.
-Mas só nos reconhecemos há uns doze dias dias...o que é que se chama àquilo que nós temos?
-Andas a contar os dias? Chama-se...duas pessoas que gostam uma da outra! Não precisamos dar um nome ao que temos!
-Então e a partir de agora?
-A partir de agora se deixares, eu vou tentar fazer-te muito feliz!
-Isso quer dizer mesmo o quê?
-Que quero mudar a tua maneira de pensar...
-Já estás a mudar!-Ele sorriu e continuou.
-Quero te conhecer ainda melhor, quero te proteger, mimar-te, amar-te, fazer de ti a minha princesa...
-E beijar-me?
-Também!-Disse ele a sorrir. Aproximei-me dele, sorri e dei-lhe um beijo naqueles lábios que começavam a ser viciantes.
-Isto quer dizer que deixas eu fazer-te feliz?
-Sim! Neste momento já me fazes muito feliz! Feliz por te ter a meu lado, feliz por tudo aquilo que estou a sentir e feliz por não te ter escondido aquilo que sinto e por ter arriscado!
-Também estou muito feliz minha princesa!
-Princesa?
-Posso?
-Podes, meu príncipe!-Ele sorriu.-Vamos dar uma volta?
-Sim! Quero conhecer um sítio bonito de Lisboa!
-Um sítio bonito? Vou pensar!-Levantámo-nos os dois, saímos do quarto e percorremos o corredor até à sala onde estava a minha mãe.
-Já conversaram tudo?-Perguntou a minha mãe.
-Sim! Vamos agora passear!
-E...
-Sim? E?
-Vocês...namoram?
-Ainda não sou oficialmente seu genro porque ainda não somos oficialmente namorados. Sem rótulos e com calma!-Primeiro fiquei um pouco envergonhada mas logo de seguida se formou um grande sorriso no meu rosto ao ver o à vontade que o Ezequiel tinha com a minha mãe.
-Já gosto muito de ti mesmo que não sejas oficialmente meu genro, só por aquele sorriso na cara da minha filha!
-Vou fazer o que puder para que seja ainda maior!
-Cuida bem dela!
-Não se preocupe!
-E tu não o deixes fugir!
-Não foge não!- Respondi agarrando-me a ele.
-Agora vão lá passear!-Despedimo-nos da minha mãe e saímos de casa.
-Onde me levas?-Perguntou o Ezequiel.
-Belém pode ser?
-Não conheço nada por isso sim!
. . .
Apanhámos um táxi e 20 minutos depois chegamos a Belém. A tarde foi passada a aproveitar todos os segundos com o Ezequiel e a mostrar-lhe alguns dos monumentos.
Estávamos sentados num jardim a acabar de devorar um pastel de nata quando me lembrei de partilhar uma fotografia no twitter.
-Isto é mesmo bom!-Disse o Ezequiel, referindo-se ao pastel de Nata.
-Isso chama-se Pastel de Nata! Ainda sais daqui a gostar mais disso do que de mim.
-É a minha perdição agora, o pastel de Nata...e tu!-Disse dando-me um beijo.
-Posso partilhar um foto das nossas mãos no Twitter?
-Sim!-Entrelacei a minha mão na dele, tirei a fotografia e postei no twitter, mostrando-lhe de seguida.
Ele pareceu na minha vida e fez de mim a pessoa mais feliz <3
-Também fazes de mim a pessoa mais feliz!-Disse, depois de ver o que escrevi.-Mas isso vai acabar.
-Acabar? Como assim?
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Olá a Todas!
Hoje no meu dia de aniversário, dia 5 trouxe-vos o 5º capítulo! Espero que tenham gostado e que deixem as vossas opiniões!
Besos grandes! Y gracias por tudo!
