quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

8-"Agora vamos ser ainda mais felizes com o nosso filho."

Retirei o teste da embalagem e fiz-o. Esperei o tempo recomendado e o resultado apareceu naquele pequeno visor. Dois traços bastante nítidos, positivo. Poisei o teste e desatei a chorar. Tinha no meu ventre um ser inocente e indefeso que também deve ter sofrido neste mês de muita violência, o meu filho. Meu e...daquele nojento. E ele entrou no quarto.
-Já sabes o resultado?

-Sim.

-Deu positivo não deu? Não chores, sei que estás feliz mas não chores.

-Sim, deu. Não, não estou. Quero sair daqui.

-Porquê? Agora vamos ser ainda mais felizes com o nosso filho.-Ouvir as palavras "nosso filho" fez-me chorar ainda mais. -Não chores!-Disse limpando-me as lágrimas e dando-me um beijo na testa. De seguida, saiu.

Assim que aquela porta se fechou, as minhas lágrimas pararam de correr e houve uma recordação que me veio à cabeça. 

*RECORDAÇÃO ON*
...
-Que susto! Pensei que tivesses cansado e tivesses adormecido.-Disse o Ezequiel.

-Podia estar morto!! Podia ter sufocado!

-Sufocavas com pouco! Um dia ainda te digo o que sufoca!-Lá tinha eu de falar sem pensar.

-O que? Agora fiquei curioso!

-Um Dia...-Disse desligando a luz do candeeiro da minha mesa de cabeceira, a única acesa.

...
Mais tarde nessa noite, acordei. Levantei-me, sai do quarto e quando ia a caminho da casa de banho deparei-me com o Ezequiel, o que me assustou.
-Que susto! Isto foi a vingança de à pouco?

-Não, não. Fui só à casa de banho.

-Eu ia fazer o mesmo. Sem sono?

-Sim. 

-Eu também. Bem vou à casa de banho...Até amanha!

-Até já!-Fui à casa de banho e voltei ao quarto. Ia para me deitar quando reparei que o Ezequiel estava na minha cama.

-Ezequiel enganaste-te na cama!-Ele nada me respondeu. Aproximei-me e ele puxou-me de repente, fiquei deitada ao lado dele.

-Desculpa mas tenho tenho de fazer isto...-Debruçou-se sobre o meu corpo e colou os lábios dele aos meus para um beijo descontrolado.
Mais beijos se seguiram e as poucas roupas que tínhamos começaram a voar. Ele tirava as dele e as minhas. Eu queria que aquele momento acontecesse mas ao mesmo tempo não, tudo o que eu tinha passado veio-me à memória.
-Ezequiel, pára por favor!

-Não queres?

-Acho que ainda não estou preparada.

-Tu...és virgem?

-Não. Mas...está a ser tudo muito rápido.

-Este momento?

-Sim.

-Eu posso ir com mais calma...-Disse beijando-me lentamente, enquanto passava a sua mão pela minha barriga até ao meu peito.
O ritmo tinha abrandado, toda a calma dele tinha-me feito sentir desejada e desejá-lo também e acabei por me deixar levar. Entregámo-nos um ao outro e senti-me tão especial naquele momento que consegui esquecer o passado. Apesar de não ter sido à força, tinha sido com alguém de quem não estava realmente apaixonada e, por isso, arrependi-me logo a seguir. Eu tinha prometido a mim mesma que a próxima vez seria com alguém que gostasse realmente de mim e eu tinha falhado comigo mesma.
-Ezequiel sai por favor. Isto não devia ter acontecido.

-Porque?


-Porque eu tinha prometido a mim mesma que a próxima vez seria com alguém que gostasse de mim a sério.


-Mas eu...


-Eu também. Mas preciso de pensar, preciso de espaço.-Calculei o que ele fosse dizer. Sei que estava a começar a haver algo entre nós mas tinha os meus medos.

...
*RECORDAÇÃO OFF*

Esta recordação fez-me ter a esperança de que o filho não fosse do Bruno mas não poderia ter a certeza de nada, só uma ecografia me poderia esclarecer mas ele não me deixaria sair dali de certeza.

6 Meses Depois...
Eu pensava que os próximos meses seriam de muito sofrimento e maus tratos mas não, tudo mudou. O Bruno passou a tratar-me muito bem e já não me agredia, apenas verbalmente quando eu não fazia o que ele queria. Obviamente não foram meses felizes, estar ao lado de uma pessoa que não significa nada para nós e que já nos tratou muito mal mas o facto de ele não me tratar mal já me deixava mais aliviada.
Dentro de mim cresce um ser indefeso que não merecia estar a passar por nada disto. A cada dia que passa, apaixono-me mais e mais por ele. Receio pela saúde dele mas tenho sempre esperança que esteja tudo bem e esteja a crescer com normalidade. Apenas sei que neste momento devo estar ou com sete ou oito meses de gravidez.

-Bruno!!!-Ele surgiu logo à porta do quarto muito preocupado.

-O que é que se passa?

-Estou cheia de dores, deixa-me ir ao hospital por favor.

-Isso passa!-Sentia que algo não estava bem com o bebé e depois de tanto sofrimento e da ligação que tinha criado com ele, não podia perdê-lo.

-Por favor Bruno!-Ele olhou sério para mim e depois de alguns segundos pensativo, fez-me sinal que sim com a cabeça.

-Só quero o bem do nosso filho. Arranja-te, vou chamar um táxi.- Assim fiz, mal podia esperar para chegar ao hospital e saber como é que o bebé estava.

-O Táxi já está lá fora!-Disse ele, ainda em pijama.

-Não vens?

-Não. Mais daqui a bocado vou ter contigo. E não te lembres de fazer asneiras.- Certamente referia-se a fugir ou contar a alguém tudo o que se tinha passado nestes meses.

-Até já.-Naquele momento a ideia de que tinha a hipótese de fugir não me saiu da cabeça mas não o fiz pelo meu filho. Entrei no táxi e segui para o hospital.

No hospital, fui logo levada para dentro onde me fizeram alguns exames. Faltava agora a ecografia, aquilo que eu mais ansiava para saber de quantos meses estava.
-Enfermeira!

-Sim?

-Acho que as minhas águas rebentaram.- Aquele momento foi inesperado para mim mas a verdade é que aconteceu.

-É verdade!-Confirmou-me a enfermeira.-Já faltou mais para ter o seu bebé nos seus braços!

-Mas pode-me fazer a ecografia na mesma?

-Os outros exames revelaram que está tudo bem com o bebé. Não me parece que seja necessário.

-Por favor!

-Mas porque é que insiste?

-Eu não fui acompanhada durante a gravidez e preciso muito de saber de quantos meses estou.

-Não foi vigiada? Quer contar-me os motivos?

-Não. Não quero falar sobre isso.

-Vamos fazer então a ecografia.

-Muito obrigada!-Esbocei um sorriso que também fez a enfermeira sorrir.
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Olá a Todas!
Este foi o 8º Capítulo! Gostaram? Apesar de tantos acontecimentos inesperados e mudanças, espero que sim!
Fico à espera dos vossos comentários! Mesmo que não estejam a gostar!
Besos,
Sofia

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

7-"Confirma-se o rapto?"

Apenas me lembrei de um cenário possível mas não queria acreditar, não podia ser. Corri o mais depressa que pude para casa da mãe dela para a avisar. Toquei vezes sem conta e ninguém me abria a porta mas quando eu pensava desistir, a mãe dela abriu a porta.
-A sua filha desapareceu.

-Desapareceu como?

-Estávamos a almoçar, eu fui à casa de banho e quando voltei ela não estava lá. Um senhor disse que um rapaz a levou.

-Um rapaz? Já lhe ligaste?

-Não tenho telemóvel.

-Vou lhe ligar, entra.- Ela entrou apressadamente, quando cheguei à sala ela já estava a fazer a chamada.-Está desligado.

-E agora?-Perguntei cada vez mais assustado.-Vamos à polícia?

-Sim, é melhor.-Disse ela, tentando manter a calma.

...
-Desculpe mas neste momento não podemos fazer nada. Temos de esperar 48h para podermos começar as buscas.

-Mas é a minha filha. Aquele maluco pode ter voltado.

-Eu percebo-a mas não podemos mesmo ajudar, por agora. Volte daqui a 48 horas.

-Em 48 horas muita coisa pode acontecer.-Disse eu.

-Voltem amanha de manhã.-Acabámos por aceitar o que agente nos pediu e saímos da esquadra.

No Dia Seguinte...
Eram 8:00 horas e já estava a entrar na esquadra com a mãe da Madalena. A noite tinha sido passada completamente em branco, foi impossível adormecer.
Dirigimo-nos ao agente com quem tínhamos falado no dia anterior que nos levou imediatamente para uma pequena sala.
-A senhora pode acompanhar-me?-Perguntou outro agente para a mãe dela.

-Sim.-Ela foi e eu fiquei. Queriam-me fazer algumas perguntas.

-O senhor é o namorado certo?

-Sim. Quer dizer...estávamos juntos à apenas 2 meses e nunca rotulámos aquilo que tínhamos mas sim.

-Conhecia a história do ex-namorado que a mãe dela nos contou ontem?

-Sim, a Madalena tinha-me contado.

-E entre vocês estava tudo bem?

-Sim...tínhamos tido um pequeno desentendimento ontem de manhã.

-Todos os pormenores são importantes.

-Em casa dela eu entusiasmei-me, sugeri que houvesse algo mais entre nós e ela não quis.

-Não será essa a razão do desaparecimento dela?

-Porquê?

-Porquê? Se ela no passado tinha tido relações sexuais à força com o ex-namorado, provavelmente sentiu-se pressionada.

-Eu não sabia essa parte...agora faz sentido, ela ter recusado e principalmente dizer que queria que a próxima vez fosse como se fosse a primeira vez. Mas...ela não fugia por isso.

-Disse que conhecia a história. Porque não?-Tanta insistência, começava a fazer-me pensar seria mesmo esse o motivo.Mas não podia ser.

-E o Homem que dizem que a levou do restaurante?

-Ainda não tivemos acesso às imagens que provam isso.

-Quanto tempo vai demorar?

-O dono não nos está a permitir o acesso aos vídeos das câmaras, temos de esperar.

-Mas vão começar as buscas?

-Sim, já começaram.

-Obrigada. Posso sair?

-Sim, pode.-Saí da sala onde já me esperava a mãe dela.-Há alguma novidade?

-Sim.Conseguiram detectar o sinal do telemóvel dela da última vez que esteve ligado.

-Encontraram-na?

-Não. Só o telemóvel. Num carro abandonado que tinha sido roubado.

-Confirma-se o rapto?

-Dizem que ainda não podem confirmar.  Têm de considerar todas as hipóteses.

-Qual hipótese? Que ela roubou o carro para fugir?Só se for.

-Sim.

-Sim? O que? Mas eles estão doidos. Então ela sentiu-se pressionada por eu querer ter sexo com ela, roubou um carro e fugiu?-Perguntei exaltado.-Que hipótese ridícula.

-Temos de ter esperanças que vão encontrá-la.

-O que é que podemos fazer agora? 

-Esperar.

-Esperar? Não consigo! Vou à procura dela.

-Posso ir contigo?

-Claro!

1 Mês Depois [Mãe da Madalena]...
Tinha passado um mês desde que a minha filha desapareceu e até agora nada de pistas sobre onde ela poderia estar. Tenho procurado mais o Ezequiel por ela, em todos os sítios onde poderia estar mas nada. Hoje seria mais um dia de buscas, o Ezequiel deveria estar a chegar. No segundo a seguir, tocaram à campainha. Peguei na minha mala e fui abrir a porta.
-Bom Dia.-Disse ele.

-Bom Dia. Vamos?

-Posso entrar?Gostaria de falar consigo.-Pediu-me ao contrário dos outros dias.

-Entra. -Entrei, ele fechou a porta e seguiu-me à sala.- O que é que se passa?

-Eu decidi que me vou afastar.

-Afastar?

-Sim. De si, da Madalena, de toda esta situação.

-Porque? Não és obrigado a estar presente todos os dias nas buscas mas...vais abandonar a Madalena? Ela precisa de ti, precisa que não desistas. Que nenhum de nós desista.

-Eu estive a pensar na hipótese de ela ter fugido e sendo assim será o melhor eu afastar-me para ela se sentir à vontade em voltar.

-Eu não acredito nessa hipótese. E se for rapto?

-Se for rapto, também será o melhor. Eu sou conhecido, isto está a começar a ser falado e irá chegar aos ouvidos do ex-namorado. Eu não quero que ele lhe faça mal.

-Eu não concordo com a atitude que queres tomar mas também não posso fazer nada para mudares de ideias.

-Não, não pode. A minha decisão está tomada. Vou continuar a acompanhar o que se for passando mas não me contacte.-Disse despedindo-se de mim e saiu. Não queria acreditar na decisão que ele tinha tomado, para mim seria como se ele tivesse desistido da minha filha. Nesse preciso momento, o meu telemóvel começou a tocar.

-Estou.

-Bom Dia. Daqui fala da policia judiciária.

-Tem novidades da minha filha?-Apressei-me a perguntar.

-Sim.

-Diga.

-Tivemos finalmente acesso à câmara do restaurante e...confirma-se o rapto!

-E confirma-se que foi o ex-namorado?

-Sim. Vamos fazer os possíveis para encontrar a sua filha.

-Obrigada.-Desligaram a chamada do outro lado. E eu apressei-me a ligar ao Ezequiel mas este não atendeu e à segunda tentativa já tinha o telemóvel desligado.

[Madalena]
Passaram 30 dias desde o começo de dias horríveis, dias de sofrimento.Tudo começou naquele  restaurante mas apenas me lembro de acordar num quarto, deitada numa cama.Tem sido dias de violência, dias de sofrimento, dias de pânico, dias em que sirvo apenas para lhe satisfazer o desejo e as vontades, dias ao lado de uma pessoa pela qual apenas consigo sentir nojo. Desde à uns dias que me sinto fraca. E doente: enjoos, vómitos e tonturas começam a ser habituais.
-O que é que tu tens?-Perguntou-me o Bruno, o meu ex-namorado.

-Não sei. Devo estar doente. Tens de parar com isto, deixa-me ir.

-Achas que eu te ia deixar ir embora? Agora que estamos mais unidos e ainda vamos ser mais felizes.

-Felizes? Só se fores tu.

-Tenho uma desconfiança. Toma!-Disse mandando-me algo. Uma caixa com algo que não consegui perceber logo o que era, veio parar-me às mãos.

-Um teste de gravidez?

-Sim faz! Já volto.-Disse saindo do quarto. Fiquei a olhar para aquela caixa e a verdade é que era uma hipótese.
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Olá a Todas!
Tal como tinha dito no fim do capítulo anterior, iria mudar muita coisa. Secalhar ou não deviam mesmo esperar isto mas decidi que seria assim. E muitas mais surpresas e reviravoltas hão-de vir.
Espero que mesmo assim tenham gostado! E que deixem a vossa a opinião mesmo que não tenham gostado!
Besos,
Sofia