11-"Eu sou o Lisandro!"

Ao meu lado sentou-se o rapaz espanhol que eu tinha conhecido no cabeleireiro na manhã de hoje.

-Boa Tarde!

-Boa Tarde!

-Estava  a passar, vi-te e decidi vir dizer-te olá.

-Desculpa de manhã ter-te despachado mas eu tinha-o à minha espera.-Disse olhando para o Matheus que dormia no carrinho dele.

-Não tem problema. Também tínhamos acabado de nos conhecer.

-Já agora...sou a Madalena!

-Eu sou o Lisandro! Percebes bem o Espanhol?!

-Sim, o meu...ex-namorado é argentino.

-Eu também. Ex-namorado?

-Sim, acho que sim. 

-É o pai do menino?...Desculpa secalhar estou já a meter-me demasiado na tua vida.

-Sim, é o pai dele. Não faz mal, já me mentalizei que as pessoas me vão fazer perguntas por me ver sozinha.

-Sim, também reparei nisso. É preciso ter coragem e muita força!

-Um dia de cada vez, a aprender ser mãe.

-Posso espreitar?

-Sim!-Ele levantou-se caminhando até ao carrinho.-Ola bebé!-Disse fazendo-lhe uma festa na mão.

-Parece que gosta de ti!-O Matheus segurou-lhe no dedo e abriu os seus pequenos olhos. O Lisandro sorriu.

-É muito bonito e parecido contigo!

-Obrigada! Lisandro...-Ele despertou daquele momento e voltou a sentar-se ao meu lado.

-Sim...

-Achas que posso desabafar contigo?

-Comigo? Podes...

-Deixa! Não te quero incomodar!

-Não, não é isso! Como nos conhecemos hoje, não esperava. Mas estás à vontade, podes falar!

-Sinto-me mais à vontade falar com alguém que não me conhece do que com uma pessoa que já me conhece, que tem uma ideia sobre a minha pessoa.

-Força!-Respirei fundo e contei-lhe quase tudo sobre o que se passava na minha vida. Sem pormenores, principalmente aqueles que ainda me custavam a falar. O Lisandro ouviu-me sem dizer uma única palavra, apenas ia fazendo algumas expressões faciais que me ajudavam a perceber o que estava a achar.-Eu nem sei que dizer!-Pronunciou no fim, surpreso.

-Não precisas de dizer nada! Eu é que tenho de dizer: obrigada por me ouvires!

-Não tens nada que me agradecer! Sabes...eu sei que nos conhecemos apenas hoje mas com tudo o que me contaste já tenho uma grande admiração por ti,  por tudo aquilo que já aguentas-te!

-Não digas isso!-Respondi envergonhada.-E tu que fazes por Portugal?

-Mudei de clube.

-Clube?

-Futebol.-Futebol? Mais um jogador de futebol a aparecer na minha vida? Super simpáticos mas sempre à procura de uma rapariga para ocupar as horas vagas.

-Claro. Bem...tenho de ir.

-Já?

-Sim. Tenho de dar de comer ao Matheus.

-Claro, eu percebo! Se precisares de alguma coisa, podes contar comigo.

-Obrigada!-Despedi-me do Lisandro e segui caminho para casa. Assim que entrei em casa, reparei que a minha mãe estava à janela, deduzi que tivesse visto tudo.

-Quem é aquele rapaz?

-Conheci hoje de manhã no cabeleireiro.

-E o destino pôs-o no teu caminho de novo.

-Mãe! É jogador de futebol! No máximo, pode vir a ser um amigo.

-Tu pões as pessoas todas no mesmo saco! Mas sim, agora tens de estabilizar a tua vida.

-Sim!

-E...

-E?

-E que tal um almoço de família? Para mostrares o menino aos teus tios e à tua avó?

-Tenho medo que reajam mal. Eu preciso de apoio, não de mais críticas.

-Eles gostam muito de ti, de certeza que não iam criticar.

-Então podes combinar. Amanhã?

-Sim.

No Dia Seguinte...

Por volta do 12h os meus tios e a minha avó chegaram. Optei por os receber sem o Matheus, ele dormia tranquilo no berço.

-Bom Dia!-Cumprimentei os meus tios com dois beijinhos e a minha avó encheu-me de beijos e deu-me um abraço.

-Filha, o Matheus?-Perguntou a minha mãe, chegando da cozinha.

-Está lá em cima!

-Vai buscá-lo, vamos almoçar a seguir.

-Já?

-Sim.

-Quem é o Matheus?-Perguntou a minha avó que é costume estar sempre muito atenta a tudo. A minha mãe sorriu-lhe e não respondeu. Eu fugi à pergunta, caminhando pelo corredor até ao quarto. O menino tinha acordado. Voltei à sala com ele, fazendo logo com que todos olhassem para mim.

-Apresento-vos o Matheus!-Todos sorriram, era agora ele o centro das atenções.-O meu filho!-Voltei a ser eu o centro das atenções de caras chocadas e surpresas. Fez-se silêncio e ninguém dizia nada até que a minha avó falou.

-Parabéns minha neta!-Disse abrançando-nos.

-Obrigada avó!

-Tio? Tia?-Eles nada diziam e a minha mãe decidiu intervir.

-Secalhar vamos andando para a mesa, senão a comida começa a ficar fria.-Coloquei o menino na alcofa e fui para a mesa.

-O pai do menino?-Perguntou a minha tia. Não esperava ouvir aquela pergunta.

-O que é que isso interessa? Não és capaz de ficar feliz pela tua sobrinha?-Perguntou-lhe a minha mãe enquanto colocava o almoço na mesa.

-Mãe solteira? Pensei que tinhas educado melhor a tua filha?!-Disse respondendo à minha mãe.

-Achas que é falta de educação? Isso tens tu!

-Mãe Solteira? Se não era bom pai ou namorado, fizeste bem pô-lo a andar!-Disse a minha avó deixando-me surpreendida. Esperava que fosse ela a criticar e não a minha tia.

-Já perdi a fome.-Disse a minha tia, levantando-se e saindo mesmo de casa.

-Desculpem. Ela às vezes parece que vive no século passado.-Disse o meu tio, saindo atrás dela.

-Vamos almoçar? Agora sossegadas!

-Eu já calculava que isto fosse acontecer.

-Desculpa filha, eu não esperava.

-Tenho de me habituar. E obrigada avó pelo apoio!-Ela sorriu-me e fez-me uma festa na mão. Depois de toda a confusão, conseguimos almoçar calmamente.

Depois de Almoço...

-Mas tu moras aqui?-Perguntei ao Lisandro depois de o encontrar junto à baía pelo segundo dia consecutivo.

-Não. Mas gosto de vir até aqui.

-Tu estás bem? Não sei, pareces triste...

-Estou. Tenho aguentar com as críticas.

-Não ligues a isso.

-É difícil quando vem da família.

-Sim, assim é mais difícil mas isso são pessoas que não percebem que lá por um casal ter um filho, os pais não têm que ficar juntos.

-Sabes o que é que me apetecia? Desaparecer daqui uns tempos.

-Tem calma! Posso espreitar o menino?

-Claro, está à vontade! Gostas muito de bebés, estou a ver?!

-Sim! Adoro! Espero um dia ter o meu!-Mais uma vez o Matheus abriu os seus pequenos e negros olhos e apertou o dedo do Lisandro.

-E ele também parece que já gosta de ti!-Ele sorriu.-Mas bem...agora tenho de ir andando que tenho a minha avó e a minha mãe à minha espera, vim só apanhar ar.

-Sim, sim vai! Se precisares de alguma coisa, tens aqui a o meu número.-Disse esticando-me um pedaço de papel com o número.

-Obrigada!-Despedi-me dele e quando ia para ir embora, ele chamou-me.

-Madalena?!

-Sim?

-Se achares que precisas mesmo de mudar de ares...diz-me! Eu não devo ficar aqui em Portugal. Podemos dividir casa para onde eu for.

-Não queiras conhecer o que é viver na mesma casa que um bebé.

-Eu habituava-me a isso!

-Obrigada pela sugestão!-Desta vez fui mesmo para casa mas sempre com aquela ideia de mudar de ares, de cidade ou até mesmo de país.

Entrei em casa, dirigi-me para a sala e encostei o carrinho do Matheus, que dormia serenamente, ao lado do sofá. 

-Filha tens uma visita!-Assim que levantei a cabeça, vi quem menos esperava.

-Olá!

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Olá a Todas!

Espero que tenham gostado do capítulo e do desenvolvimento da história! E do novo fundo!

Fico à espera das vossas opiniões!

Obrigada!

Besos!