-Já volto! Vem comigo Ezequiel!-Ele apenas olhou para mim e seguiu-me até ao quarto. Entrámos e fechei a porta.
-Não vás! Fica mais uns dias!-Não eram apenas as palavras que saiam da boca dele que pediam que eu ficasse, era também o olhar dele.
-Não posso Ezequiel!Tenho mesmo de ir!
-Mas...-Não o deixei acabar de falar e fiz aquilo que tinha de fazer, tinha de lhe mostrar aquilo que sinto.
Depois de ganhar coragem e como não sou boa com palavras, passei aos gestos. Poisei dois dos meus dedos nos lábios dele para impedir que falasse e posei a minha outra mão na face dele. Ele retirou a minha mão da boca dele e segurou-a, aproximou-se mais um pouco de mim e poisou a outra mão no meu pescoço. Aproximei-me ainda mais dele e colei os meu lábios aos dele para um beijo calmo.
-Sentes o mesmo que eu?
-Sim. Primeiro apaixonei-me pelo teu sorriso e depois por ti!-Poucas mas as palavras tinham saído.
-E vais embora?
-Há coisas que não são para acontecerem.-Virei costas e sempre a pensar no que tinha acontecido, voltei à sala. Sai à porta e eles já estavam dentro do carro à minha espera. Fechei a porta de casa, entrei no carro e rumámos ao aeroporto.
. . .
As horas de viagem serviram para pensar no que tinha feito. Tinha fugido à minha felicidade mas, também, mais uma vez, tinha sido "atacada" pelos meus medos: medo do futuro, medo de sofrer e medo que não resultasse.
Eram 11:30h quando eu e a minha mãe entramos em casa, arrumei as minhas roupas e almoçámos. À tarde combinei estar com a minha melhor amiga a Ana.
-Eu vou abrir!-Gritei eu quando tocaram à campainha.
-Boa Tarde!
-Ana!-Exclamei dando-lhe dois beijinhos. Ela desviou-se um pouco e atrás dela estava a Rita e a Maria, mais duas amigas. São as minhas três meninas.
-Surpresa!-Disseram elas.
-Afinal também vieram!Que bom!-Cumprimentei-as e fomos para o meu quarto.
-Como é que foi em Madrid?-Perguntou a Ana.
-Nem queiram saber.-Disse eu a sorrir.
-Com esse sorriso, ainda queremos mais!-Disse a Rita.
-E já!-Disse a Maria.
-Eu conto!-Voltei a recordar o momento em que conheci o Ezequiel e todos os momentos em que o conheci melhor e apenas três dias chegaram para começar a gostar dele.
-E ela apaixonou-se por ele!-Disse Maria, depois de eu acabar de contar.
-Não sei. Ele é tão querido, simpático, respeitador, atencioso...
-Nem digas mais nada! Vê-se no teu sorriso e no brilho dos teus olhos!-Disse a Ana.
-O Ezequiel ainda vai curar o coração da nossa amiga!-Disse a Rita, olhando para todas.
-Não me parece! Eu estou aqui, ele lá!
-Agora. A Vida dá muitas voltas!-Disse a Ana.
4 Dias Depois...
Os últimos dias da semana de férias passaram a voar. Hoje era dia de voltar às aulas, a vontade era pouca mas tinha de ser.As minhas aulas eram só até às 13h e, por isso, até passou depressa.
Eram 13:30 quando estava a entrar em casa. Meti a chave à porta e o meu telemóvel começou a tocar. Entrei, enquanto retirava o telemóvel e atendi enquanto fechava a porta. Era um número que eu não conhecia.
-Estou? Quem fala?-Perguntei eu.
-Hola!É o Ezequiel!-Não esperava nada aquele telefonema mas confesso que já tinha saudades daquela voz.
-Olá! Não estava à espera que ligasses.
-Liguei só para perguntar se já recebeste a minha carta?
-Qual carta?-Nesse preciso momento a minha mãe apareceu e pareceu-me ir dizer algo mas como viu que eu estava ao telemóvel, ia para ir embora.-Espera aí Ezequiel!
-Mãe!Diz!
-Era só para dizer que chegou uma carta para ti.-Ela deu-me a carta para a mão e saiu. Olhei para ela e no remetente dizia Ezequiel Garay.
-Ezequiel!-Disse, voltando a falar para o telemóvel.
-Sim?
-Afinal já recebi.
-Então lê e responde por favor.
-Vou fazer isso.Até logo ou até amanhã.
-Besos!
-Besos!-Desliguei a chamada. Não esperava ouvir tão cedo a voz dele e muito menos receber uma carta dele. Olhei para ela e alguns minutos depois decidi abri-la.
Quando acabei de ler a carta, toda eu tremia. Nunca pensei que me voltasse a apaixonar tão cedo depois do que passei e sempre pensei que podia fugir ao que sinto e que nenhum homem viria atrás de uma rapariga frágil e insegura. Mas ele veio. Já não sabia o que pensar mas tinha de agir, tinha de ser sincera com ele.
Percorri o corredor até ao meu quarto, peguei num folha de papel e sentei-me junto à minha secretária. Nesse momento alguém bateu à porta. Era a minha mãe.
-Sim?
-Está tudo bem?-Eu sorri logo e a minha mãe não me deixou falar.-Já não precisas de dizer nada!
-Porquê?
-Porque esse sorriso diz tudo.-Disse ela virando costas.
-Espera!-Pedi eu.
-Sim?
-Entra e senta-te.-Ela olhou para mim, fechou a porta e fez o que lhe pedi. Eu peguei na carta que o Ezequiel enviou e dei-a para as mãos da minha mãe.
-Isto é a carta que te dei à pouco?
-Sim. Quero que leias.-A minha mãe abriu a carta e começou a ler. Eu voltei a sentar-me em frente à minha secretária de costas para ela. Esperei alguns minutos mas acabei por me distrair a pensar no que iria escrever na carta para o Ezequiel.
-Filha!Isto é tão bonito!-Disse a minha mãe assustando-me.
-É não é?-Perguntei a sorrir.
-Muito! Gostas dele?
-Sim. Foram três dias apenas mas sim.
-Mas há aí mais qualquer coisa não há?
-Há o medo!
-De?
-De voltar a sofrer. Sabes bem pelo que passei.
-Achas que o Ezequiel te faria passar pelo que passaste antes?- Perguntou a minha mãe, deixando-me a pensar durante alguns segundos.
-Não!-Afirmei eu.
-Também acho que não!
-E agora?
-Agora? Está na altura de arriscares seguir o coração e não a razão ou o que pensas. Está na altura de seres feliz! O que aconteceu no passado é no passado que tem de ficar.-Disse a minha mãe, fazendo-me sorrir.
-E se não resultar?
-Se não resultar, eu estou aqui para te apoiar e ajudar. E tens a Ana, a Rita e a Maria!
-As minhas meninas! Falta a Catarina.
-Ela nem merece que fales nela nem que penses. Os verdadeiros amigos não desaparecem quando mais precisavas.
-Das quatro era com quem eu tinha mais ligação.
-Mas só elas as três se mostraram verdadeiras amigas!
-É, tens razão!
-E agora? Vais responder ao Ezequiel?
-Sim!
-Então deixo-te sozinha!-Disse ela dando-me um beijo na bochecha.
-Obrigada Mãe!
-Não agradeças! Sou tua mãe e faço o melhor por ti!
-Eu seu! És a melhor mãe do mundo!-Ela sorriu-me e saiu. Estava na altura de começar a escrever a carta de resposta ao Ezequiel.
Escrevi tudo o que me ia passando pela cabeça e tentei mostrar-lhe de alguma maneira que também gosto dele. Coloquei a carta no envelope e fui colocá-la no correio.
Estava a entrar em casa quando o meu telemóvel começou a tocar, era o Ezequiel.
-Hola Ezequiel!
-Já leste a carta?
-Já.
-E?
-E já respondi e já pus no correio! Três dias e está aí.
-Vou mesmo ter de esperar?
-Sim. Tu também enviaste carta.
-Pronto, eu espero.
-Não tinhas outro remédio!
-Eu espero o tempo que for preciso pela carta e por ti!
-Ezequiel!
-O que foi? Eu só digo o que sinto.
-Mas eu...não estou habituada a isso.
-Desculpa.
-Não tens de pedir desculpa. Quem tem sou eu, por não ser uma pessoa normal.
-Tu és normal! Só não estás habituada a que te tratem como mereces e a respeitarem a pessoa que és.
-E porque é que tu o fazes?
-Porque gosto de ti!
-Eu...-Não conseguia dizer o mesmo, sabendo que a seguir iria ter alguma reacção dele.
-Tu?
-Eu tenho de desligar! Desculpa.
-Espera!-Ainda o consegui ouvir dizer antes de eu desligar a chamada.
Inseguranças e medo. Medo de me magoar de novo. Medo de descobrir o que é realmente ser amado por alguém.
4 Dias Depois...
Estava a entrar em cada quando o meu telemóvel começou a tocar. Começava a ser habituo isso acontecer. Fechei a porta e ia para tirar o telemóvel da mala quando parou de tocar.
-Era eu que te estava a ligar filha!
-Tu?
-Sim. Era para saber se demoravas muito.
-Porquê? Cheguei à hora do costume.
-Porque tens uma pessoa à tua espera na sala.
-Quem?
-Vai ver!
-É a Catarina?
-Não. Esquece essa rapariga.-É um pouco difícil esquecer alguém com quem tinha uma ligação forte apesar de ter desaparecido quando eu mais precisava.
-Então é quem?É o Pai?-Há bastantes anos que não o via e a verdade é que tinha alguma vontade de o voltar a ver apesar de que para mim o meu pai verdadeiro estar em Madrid mais o meu irmão.
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Olá a Todas!
Este foi o 4º Capítulo! Desculpem ser tão grande mas tinha de ser assim mesmo! Espero que tenham gostado!
O que acharam do que aconteceu neste capítulo? Será o pai de Madalena que está na sala? Não posso dizer mas posso dizer que no próximo irá ser revelado o porquê de todos os medos de Madalena. Fico à espera dos vossos comentários!
Besos!